mas corre sempre tudo bem?
Ontem, a manchete do Correio do Minho era “Feira do Livro: expectativas superadas”. Não li a notícia, só vi a capa mas parece-me excessivo. Também não sei muito bem quais eram as expectativas. O que sei é que o orçamento para esta edição da feira voltou a emagrecer, que se vendeu pouco e que a Feira do Livro de Lisboa é única que dá lucro (ouvi, não tenho dados para o confirmar).
Não sei quais eram as expectativas mas se eram fracas com certeza que foram superadas. O que me chateia são estes discursos institucionais do vira o disco e toca o mesmo. No início é um grande alarde, no fim correu tudo bem e o balanço é positivo. Porra! Não estão fartos de balanços positivos? Já não me lembro de ouvir alguém dizer no fim de um evento que o balanço é negativo. Se corre sempre tudo bem, porque se queixam todos os anos da fraca afluência, do baixo orçamento, da ausência de alguém do ministério da cultura, etc?
Não podia estar mais de acordo!
É vê-los(quem quer que seja) no fim dos eventos, com o maior dos sorrisos, louvando a iniciativa. Que só por acaso é a mesma a que negaram apoio…
Portugal, país das maravilhas! (só ainda não se sabe é para quem…)
Olá Eduarda,
De facto já chateia ouvir sempre a mesma propaganda! E não é por acaso que escrevo propaganda porque somos bombardeados antes e depois do certame, quer pelo departamento cultural(??) e de comunicação da câmara de Braga quer pelos jornais complacentes da região, do constante sucesso desta feira.
Vou normalmente todos os anos à feira e cheguei inclusive em 2006 a trabalhar como co-responsável no stand da editorial noticias e o que eu vejo é um modelo gasto e anacrónico de como se gere um feira deste tipo. Existe uma repetição em demasia nos autores escolhidos tal como nos moderadores das sessões.
A feira de Braga não dá lucro, algumas livrarias da cidade desistiram de participar devido aos preços absurdos do aluguer dos stands, da falta de condições do espaço, gélido com uma péssima acústica.
Quanto às grandes editoras, estas têm poderio financeiro para poder suportar as possíveis perdas em feiras feitas neste modelo tal como a Fnac que pela primeira vez participou na feira de Braga.
A feira do livro devia ser feita em junho/julho no centro da cidade.
Ps: Mais uma vez vejo que temos gostos musicais comuns! O The Nightly Disease (2001) dos Madrugada é uma obra colossal!
Ps2: Sim, espero um post novo todos os dias;)
Um beijo
Não podia estar mais em desacordo com o que aqui foi já dito. A FLB é uma referência na região e só dá prestígio a uma cidade tão desprovida de cultura e literatura. Quanto a um dos comments aqui feitos, para além de discordar, rio-me perante tal ingenuidade. As editoras, grandes ou pequenas, não vêm à feira para perder dinheiro. Nem aquelas que “têm poderio financeiro para poder suportar as possíveis perdas”. Isso é, no mínimo, absurdo.
Rita, o que está em discussão não é a referência ou não da FLB. Claro que é óptimo para Braga e nem concebo sequer que pudesse acabar. Eu adoro Feiras dos Livros e tenho um especial carinho pela de Braga.
O meu apontamento vai contra os discursos standards de “correu tudo bem, as expectativas foram superadas, o balanço foi positivo”, blá, blá, blá… Vai perguntar aos livreiros se acham o mesmo… ou a grande parte da população bracarense e arredores que nem lá colocou os pés. (E atenção que não estou a dizer com isto que a culpa é da FLB). Não vamos é abrir garrafas de champanhe.
Se a FLB não é para dar lucro mas também não é para dar prejuízo então que não peçam preços exorbitantes pelo aluguer dos espaços. E sim, é possível perder dinheiro numa FLB: basta não se vender o suficiente para pagar o preço do aluguer e dos funcionários. É verdade que nenhuma editora vem para perder dinheiro mas acredito que algumas percam mesmo, infelizmente. Já ouvi e tive a confirmação de alguns livreiros que a venda de livros mal chegava para pagar o aluguer.
Inf3no: ainda só ouvi o Grit mas gostei muito 😉
algumas respostas estão AQUI.
Cara Rita,
A questão principal não é a existência da feira do livro, nisso estamos todos de acordo quanto à sua valia para a região.
No que discordamos é na forma que é gerida e programada.
Ingenuidade é pensar que todas as editoras ganham dinheiro na feira de Braga, ingenuidade é pensar que todas as livrarias e pequenas editoras têm o poder financeiro para acarretar os custos que uma feira como a de braga. Ingenuídade é pensar que a cultura livreira se resume a 3 ou 4 cadeia de lojas.
Eu bem sei que a fnac por exemplo não perdeu dinheiro, ganhou bastante até, tal como têm acontecido na loja que abriu recentemente na cidade, a seccção dos livros é das que mais lucro dá, agora não se pode resumir os ganhos de uma minoria em detrimento do todo. A feira precisa das pequenas e médias livrarias/editoras.
Se trabalha numa Bertrand ou numa fnac os meus parabéns já que assim não têm limites de orçamento e pode esbanjar o que quiser e impôr as regras que quiser para vender os livros no seu espaço.
Felizmente conheço bastante bem o mercado dos livros e lamento que se tenha tornado cada vez mais uma coutada privada.
Eduarda e Inf3rno:
ainda bem que estamos todos de acordo quanto à mais-valia que é a FLB para a região e mesmo para o panorama nacional literário.
Ingenuidade é pensar que as livrarias, livreiros, alfarrabistas e afins vêm à FLB, perdem dinheiro, não gostam do espaço e, ainda assim, no ano seguinte estão cá. Façam um pequeno exercício de pesquisa todos os anos, desafio-vos a isso. Vão à feira, perguntem aos livreiros o que acharam. E depois no ano seguinte, quando eles voltarem (porque voltam) perguntem de novo o porquê.
mas alguém alguma vez disse que a Feira do Livro não é uma mais valia para a cidade? ou que alguém tinha perdido dinheiro?
o que se disse, Rita, foi que poderia dar prejuízo. não se disse que dá… faço esse exercício todos os anos e todos os anos obtenho a mesma resposta: que as vendas mal chegam para pagar o aluguer. não me parece que sejam todos mentirosos ou façam choradinho sem motivo aparente…
olha eu também não gostava do local de trabalho onde jtrabalhei um verão: as condições eram péssimas. mas, infelizmente, tive de suportar e ir. não te esqueças que se para nós os livros podem ser uma paixão, para eles é um trabalho e meio de sustento e para lá continuarem a ir todos os anos é porque o “pouco que dizem que ganham” deve fazer alguma diferença nas suas vidas.
Cara Rita,
Não sei se leu bem o que escrevi mas eu vou à feira de Braga quase todos os anos e inclusive trabalhei na dita feira e sei bem o que dizem os livreiros, ninguém se vangloria com grandes lucros e bastantes se queixam das condições do recinto e da falta de público.
Nas duas semanas que lá trabalhei consegui ler 5 livros do Frederico Lourenço comprados no stand da cotovia com desconto de livreiro de 30%, nos dias de semana era doloroso o passar do tempo, de vez em quanto fumava-se um cigarrito, cria-se espaço para conversa com outros colegas e desespera-se para que apareça alguém na nossa banca.
Só para finalizar este assunto, a ediorial noticias ( EN/ oficina do livro/ Estrela Polar) só participou na feira do livro de 2006 porque a manutenção do espaço foi assegurada por funcionários da Valentim de Carvalho de Braga, este grupo editorial tinha decidido não participar na feira com um stand próprio devido aos fracos resultados dos anos anteriores, estavam programadas várias sessões com autores deste grupo como a Margarida Rebelo Pinto que foram canceladas devido também ao pouco retorno.
Ainda bem que as pequenas livrarias e as pequenas editoras insistem em retornar a Braga é sinal que ainda não definharam totalmente.