E os quatro argumentos, onde estão? Não sei, tenho de comprar primeiro o livro
Não é a primeira vez que Quatro argumentos para acabar com televisão, de Jerry Mander, me vem parar às mãos. Já nos encontramos várias vezes em algumas Feiras do Livro. De todas, li sempre avulsamente alguns parágrafos. Desta vez, deparei-me com um exemplar no Medeia King, em Lisboa, e enquanto a sessão de cinema não arrancava demorei mais algum tempo. No site da editora, a Antígona, encontramos dois excertos de outros dois autores:
As pessoas são dissuadidas de criticar a arquitectura com o mero argumento de que precisam de um tecto, exactamente como a televisão é aceite dizendo-se que as pessoas precisam de informação e de entretenimento. As pessoas são assim levadas a ignorar o facto de esta informação, este entretenimento e este tipo de habitação não serem feitos para elas, mas sem elas e contra elas. IVAN CHTCHEGLOV
O que caracteriza os meios de massas é o facto de eles serem antimediadores. […] A televisão, pela sua simples presença, instala em casa o controle social. Não é preciso imaginarmos este controle como o periscópio do regime, espiando a vida privada de toda a gente. A televisão já é melhor do que isso: ela assegura que as pessoas deixam de falar umas com as outras, que ficam definitivamente isoladas perante afirmações sem resposta.Real-Tv. JEAN BAUDRILLARD
Há quase quatro meses que vivo sem ligar praticamente a televisão – a não ser durante o telejornal e muito esporadicamente. Em vésperas de mudar novamente de casa, a televisão continuará a não fazer parte da minha bagagem.
Acho péssimo o fundamentalismo anti-tv. Se não fosse a tv quantas imagens históricas não nos chegariam, quantos debates, quanto cinema, quantas séries de culto. Os livros fazem falta, mas a televisão também. Sobretudo quando, como luxo eu sei, mas já se pode fazer o próprio ‘cardápio’, sem apanhar com ‘o resto’.Sim, esse ‘resto’ criticável que tem demasiados exemplos, sobretudo em sinal aberto. Mas condenar toda a caixinha mágica por isso? Shame on you 😉
Eu não estou a dizer que não vejo televisão. Sim, vejo e até tinha alguns programas e séries que seguia antes de vir para Lisboa. Mas, neste momento, não sinto a necessidade de andar com a tv na bagagem. Mas também não sou anti-tv ou coisa parecida. Há muito lixo, mas também existem coisas boas. Não me expliquei bem, ó Filipa.