Atlas da literatura portuguesa
A rúbrica “world literature tour“, do Guardian, está a viajar virtualmente por Portugal. O objectivo é conhecer os melhores escritores de vários países para criar uma espécie de atlas da literatura. E agora chegou a vez de Portugal. O autor do post só sugeriu José Saramago e Eça de Queirós. Uma leitora apressou-se a deixar nos comentários o nosso Fernando Pessoa.
“I’d say Portuguese writing has a lower profile than Spanish (where you came up with a sterling bunch of recommendations a year ago)”, lê-se no blog.
Não percebo muito este “lower profile”. É óbvio que não temos tantos nomes porque também somos um país mais pequeno. E vocês? Que escritores portugueses recomendavam para colocar neste “atlas da literatura”?
Não leio literatura nacional. Por isso, sou suspeito em deixar uma opinião interessante.
Ao contrário do Rui Peres, eu practicamente só leio literatura nacional, sem dúvida José Saramago, como eles próprios recomendaram, mas não esquecer José Cardoso Pires nunca, muito menos António Lobo Antunes, Raul Brandão, e porque não alguma da mais jovem literatura como José Luís Peixoto, valter hugo mãe, Gonçalo M. Tavares… o que não faltam são nomes merecedores…
Cheers
Uma pequena salvaguarda: não leio literatura portuguesa, não porque ache que é de má qualidade, mas sim por nunca ter dito tempo, para isso. Normalmente, fico-me por Platão. 🙂
essa é uma pergunta traiçoeira. porque pode levar-nos a ser tão provincianos quanto possível, sangrando da memória cada nome que tenhamos lido e gostado e posto ao lado de outros grandes, desses de lá de fora, britânicos, russos, alemães, americanos do norte e do sul, etc. a resposta não é confortável, mas, ainda assim, lanço mais umas bruxas para a fogueira: Bocage, Camilo, Gomes Ferreira, Cesariny, Herberto, M. Velho da Costa. preguiça fora, Luiz Pacheco também, claro. quantos aos novíssimos, teria algum pejo em atirá-los.
Subscrevo aquilo que dizes, Hugo. Eu também não apostaria nos novos valores (por isso é que são novos, ainda tem uma carreira para consolidar). Eu acrescentaria a Agustina Bessa-Luís, a Sophia de Mello Breyner Andresen e o Vergílio Ferreira.
Eu sou um bocado avesso a esse estigma de que é preciso anos para a literatura ser consolidada, por isso não me contive a lançar nomes “novos” – e deixo isto entre aspas porque é outra das grandes questões: um leitor é “novo” quando publica jovem ou quando publica pela primeira vez? Tanto por um lado como por outro é difícil pôr barreiras: Valter Hugo Mãe já tem 37 ou 38 anos, Gonçalo M. Tavares já tem dezenas de publicações, e no entanto continuam “novíssimos”. Teria muito mais cuidado ao atirar certos consolidados, como a Agustina (mas apenas por gosto pessoal). Sophia e Virgílio Ferreira têm o meu apoio. E isto de repente soou a campanha eleitoral. Risquem, por favor, a palavra apoio dali.
Cheers
bem, eu, que apenas me detive pelas poesias dos primeiros anos, os dois ou três primeiros livros, riscaria, isso, sim, a Sophia. do Ferreira ainda carrego o estigma da escola (tal como com o Cesário, não lhes consegui voltar a abrir as páginas). da Agustina: aborrece-me só de olhar para os livros, parece-me tudo de um tremendo enfado. nunca me atrevi. é possível que esteja enganado. como no caso da sopa de legumes.
Lanças uma boa questão Tim_booth. Ainda não tenho é resposta para ela, mas estou mais inclinada para os achar novos talentos. Gosto muito mais de GMT do que o Saramago, por exemplo. Se calhar é estigma, não sei.
Contra mim falo, eu também os trato por nova literatura. Mas o que dizer de alguém que acaba de lançar um primeiro livro genial: estará tão novo quanto os outros?
Cheers
Eu acrescentaria poetas como José Agostinho Baptista, Fernando Pinto do Amaral, Nuno Júdice, David Mourão-Ferreira, José Tolentino de Mendonça, Joaquim Manuel Magalhães, Luís Miguel Nava, Daniel Faria, Jorge de Sena, entre outros, mas isto sou eu, que gosto muito de ler poesia.
O Rui Peres, que segundo depreendi gosta de filosofia, pelo menos de Platão, devia dar mais atenção à poetas portugueses, que são os filósofos que não temos, à excepção de algumas honrosas e muito boas excepções. Como Leonardo Coimbra, Agostinho da Silva, etc.