biblioterapia
Em Londres, uma “espécie” de loja de auto-ajuda – The School of Life – disponibiliza um serviço de biblioterapia, onde um personal trainer literário tem por missão ajudar os clientes a encontrarem livros adequados aos seus gostos.
O escritor Stuart Evers considera o aconselhamento literário uma excelente ideia: “With so few of us near a bookseller of experience and understanding, it’s the perfect way to pick your way through the minefield of what to read next”.
Em primeiro lugar, a ideia de uma Escola da Vida é pavorosa. Mesmo sendo redundante, acredito que a vida se aprende vivendo e não existe escola no mundo que a possa ensinar, muito menos com manuais ou gurus. Já a ideia de um conselheiro literário não me parece de todo má, desde que sirva apenas para dar um empurrão inicial aos “não-leitores”. Para quem não tem hábitos de leitura é muito complicado, perante a oferta excessiva, descobrir um livro que lhe agrade ou desperte a atenção. E uma má escolha pode ditar novo afastamento da leitura por bastante tempo.
Se os livreiros sábios ainda existissem, ou não sendo preciso ir tão longe: se a maioria dos livreiros ainda lesse, esta lacuna no mercado não existiria. Ou então, se os críticos literários escrevessem para uma maioria, as sugestões literárias e o próprio prazer pela leitura iriam contagiar mais leitores. E não estou aqui a falar dos livros recenseados ou sequer a pretender que se escreva sobre eles popularmente. Nada disso, causa-me apenas impressão o excessivo academismo com que se escreve críticas na imprensa portuguesa.
Eu já tenho um personal trainer literário de graça. Laralalala. 😛
Acho que o grande motivo para a excessiva distância que a crítica coloca em relação ao homem comum (e contra mim falo), é precisamente este snobismo com que se chama a não leitores coisas como “homem comum”. De certa maneira, gostamos de nos sentir superiores por lermos este e aquele autor que não serão, talvez, acessível à generalidade do público…
Cheers
Pois tens Rui, vou começar a cobrar pelos meus préstimos (e atenção que existem vários tipos de cobrança) 😀
Tim_booth é verdade que existe uma certa superioridade intelectual de quem escreve. Mas sempre tive para mim que escrever bem é escrever simples, de forma a ser entendido por toda a gente. Claro que também não podemos baixar a fasquia. Como em tudo é preciso um equilíbrio.
Aqui está uma ideia que me agrada. Quantas vezes acontece uma pessoa terminar um livro que adora, sem ser capaz de encontrar outro que o iguale? Ao fim e ao cabo, trata-se de se saber procurar.