sou toda ouvidos (ii)
Já aqui tinha referido que Joseph Mitchell era o rei. Depois de acabar de ler Sou Todo Ouvidos sublinho-o novamente. O livro, editado pela Ambar, reúne os primeiros textos que Mitchell escreveu antes de entrar para a revista The New Yorker. Mas desengane-se quem está à espera de encontrar amadorismo: é jornalismo, aliado a literatura pura. E da boa, qual repórter que preenche os nosso sonhos, Mitchell desce ao mundo suburbano e dá-nos a conhecer o que de melhor existe na vida. Sim, porque apesar de escrever sobre prostitutas, strip tease, gangsters e muito mais (aquilo que geralmente consideramos ‘marginal’) o verdadeiro jornalista está ali, sem qualquer tipo de preconceito ou julgamento, a retratar exemplarmente as “culturas minoritárias” dos anos 30, nos EUA. E no fim ainda nos serve como sobremesa o absurdo, o caricato e o delicioso de cada personagem ou situação.
Parece ser um homem adorável. 😛
Não acho que a New Yorker seja sinónimo de amadorismo, embora haja, é certo, muitos que olham para os nomes que por lá transitaram como filhos de um deus menor. Mas caramba, Bill Buford, John Updike, John Cheever…
Samuel,
Não me referia ao amadorismo da “New Yorker” mas ao do próprio Joseph Mitchell que ainda não tinha iniciado a sua verdadeira carreira de jornalista quando escreveu estas crónicas.
Rui,
Sim, o Joseph Mitchell é adorável 🙂
E está bem explícito. Má interpretação minha.