sou toda ouvidos
Não sei se é o tal, mas para já arrancou-me à depressão moribunda pós-mancha humana. O autor não é desconhecido para mim, aliás, já me tinha maravilhado com esta pequena obra-prima: O Segredo de Joe Gould. Joseph Mitchell é o rei, ou antes o melhor escritor-jornalista-literário de todos os tempos.
Mas não se fique com a ideia de que os «moedores de ouvidos» me aborrecem. As únicas pessoas que não estou interessado em ouvir são as mulheres da alta-roda, os grandes industriais, os autores reputados, os ministros, os exploradores, os actores de cinema , assim como qualquer actriz com menos de 35 anos. Acho que os seres humanos mais interessantes, no que toca a conversas, são os antropólogos, camponeses, prostitutas, psiquiatras, e um ou outro barman. As melhores conversas são sem artifícios, a fala de pessoas procurando tranquilizar-se ou consolar-se mutuamente, mulheres ao sol, agrupadas à volta de carrinhos de bebé, falando sobre as semanas que passaram no hospital ou sobre a subida do preço da carne, ou a de homens nos bares, falando para combaterem a solidão que todos sentem.
Joseph Mitchell, in Sou Todo Ouvidos. Lisboa: Ambar, 2006
Gostei bastante do excerto. Fiquei bastante curioso. 🙂
E o Truman, oh Eduarda? É melhor que o Truman? E que o Ernest? (pergunta de quem não leu nada de Mitchell) 😉
Rui, depois dás uma espreitadela 😉
Eu sou suspeita porque “A Sangue Frio” do Truman provocou-me tantos bocejos que nem cheguei a acabar o livro (não sei se o facto de ter visto antes o filme influenciou…)
Ernest não conheço. Ernest quê?
Mitchell é o rei caro amigo… Li “O Segredo de Joe Gould” numa tarde. Há muito que andava à procura das crónicas do Mitchell. Finalmente encontrei. De que estás à espera? Larga tudo neste preciso momento e vai a correr comprar.
Hemingway. 🙂
Nunca me deixas ficar mal camarada 😉
😀
Assim espero.