Depressão Pós-Mancha Humana
A propósito deste questionário, lembrei-me de alguns bloqueios de leitura que já me aconteceram. Não são muitos, mas de tempos a tempos lá aparecem. Ou porque acabei de ler um grande livro e sinto-me completamente vazia, como aconteceu recentemente com A Mancha Humana de Philip Roth, ou porque algo de marcante aconteceu na minha vida, perturbando o equilíbrio normal (ou desequilíbrio, porque do primeiro passamos a vida à procura).
E como é que se ultrapassa um bloqueio? Geralmente tenho de encontrar um bom livro que me prenda a atenção imediatamente. Não pode ser qualquer um, nem sequer de um autor ou tema que à partida sei que vou gostar. Tem de ser o tal, the one. Felizmente, os meus bloqueios de leitura nunca são muito longos. O máximo? Talvez umas duas semanas. Mas atenção: não são duas semanas a seco, lá vou lendo aqui e ali, debicando acolá, até ELE aparecer.
Por exemplo, gostei muito de ler Na Praia de Chesil, de Ian McEwan, mas não é o tal porque ainda me encontro imersa na depressão pós-Mancha Humana. E perguntam-me: andas com um bloqueio de leitura e leste um livro? É verdade, mas li-o intermitentemente, aos poucos, posso dizer que “ia lendo”, muito longe do meu ritmo e paixão literária normais. A Mancha Humana arrasou-me literariamente, ou melhor: bloqueou-me. E é difícil recuperar.
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