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imagem e literatura

June 4, 2008

Renata Miloni publica quinzenalmente uma coluna de literatura no Le Monde diplomatique do Brasil. A desta semana versa sobre a inserção de imagens em livros. Renata diz que não acredita que exista algo que não possa ser descrito por palavras, apesar de não ser contra a integração delas com imagens — se bem que talvez seja melhor evitar o uso em nome da criatividade literária”.

Eu, pessoalmente, gosto muito de encontrar ilustrações nos livros mesmo que não tenham sido desenhadas pelo próprio escritor. Não me rouba a capacidade de imaginação, aliás acrescenta sempre algo, enriquece o texto e não sinto que interfere na construção do meu próprio olhar, ao qual regresso rapidamente. É como partilhar uma leitura, entrar na cabeça de outro leitor e ver como imaginou as situações, as personagens. O importante é mantermos a nossa própria película interior, não deixando contudo de conhecer a de outro. E quando digo que gosto de ilustrações refiro-me a meia dúzia e não a um livro carregado delas porque aí sim, sinto que me estão a tentar impor um olhar.

4 Comments leave one →
  1. Renata Miloni permalink
    June 4, 2008 1:21 pm

    Eduarda, gostei de saber que você leu esse meu texto. 🙂

    Eu sempre insisto nesse ponto da criatividade porque acredito que ela precisa ser exercida com mais freqüência, pelo menos aqui no Brasil. Pela pouca experiência que tenho com leitores, percebo que a grande maioria é completamente influenciada por possíveis imagens nos livros. É como se não conseguissem ler determinado livro se nele não existissem ilustrações ou fotos. O que você disse no post é o que eu gostaria muito que os tão poucos leitores de meu país pudessem dizer. Ou melhor, ter: essa lucidez, o discernimento. Isso é raríssimo.

    Eu não vejo problema também, mas se fosse para escolher, como disse no texto, diria que prefiro um livro sem imagens (apesar de não descartar a idéia de escrever um livro baseado em fotos e publicá-las também, caso eu fosse escritora). Esses dias mesmo comecei a ler um livro de um autor brasileiro. O livro é um western bem fiel aos filmes de Sergio Leone (ou seja, o autor recorreu a imagens existentes). A cada nova parte foi inserida uma foto para ilustrar o ambiente. Achei ótima a idéia e, mais importante, não chama mais a atenção do que o próprio texto e muito menos faz com que o leitor sinta a necessidade de ver esses filmes para entender do que tudo se trata. Há também esse equilíbrio a ser alcançado, talvez.

    Falei demais. hehe Mas gostei mesmo do teu post. Espero que haja mais leitores como você. 🙂

  2. June 4, 2008 6:50 pm

    Olá Renata,

    Sim, leio sempre a tua coluna 😉
    E compreendo claramente a tua posição/opinião. E, pelo menos, cá em Portugal noto isso apenas entre os mais jovens que já não se conseguem desligar da imagem, da velocidade, da instantaneidade, do imediato.

    Eu gosto muito de livros com alguma ilustração lá pelo meio. Mas nada de exageros. Depende do livro… Mas é sempre um encanto estar a ler um romance, por exemplo, e encontrar lá para o meio uma imagem.

    beijinho

  3. Rui Peres permalink
    June 4, 2008 9:06 pm

    Na minha opinião o facto de ter muitas ou poucas imagens influência de maneira diferente as pessoas, mas neste momento nem se coloca a hipótese das imagens mas sim o facto de se chegar a ler um livro, grande parte das pessoas pensa : ” Se tenho a oportunidade de ver a adaptação no cinema por que razão hei-de gastar 5 ou 6 horas a ler isto ” ou até mesmo ” Porque razão hei-de perder X tempo a ler, quando posso ver televisão estar no msn, hi5’s, etc etc “. Pessoalmente acho que imagens são importantes para nos mostrar detalhes que nos escaparam na leitura ou até mesmo para entrarmos na cabeça do autor e ver como ele imaginou todo aquele acontecimento, mas nada exagerado pois acho que um dos maiores prazeres ao ler é imaginar todos aqueles promenores. Mas enfim de que serve ter ou não imagens quando nem se lê ?

  4. Marlene permalink
    June 7, 2008 8:26 pm

    Não tenho nada contra a ilustração; mas quanto a mim,ela influencia a leitura. Ela constitui informação nova, informação que, conscientemente ou não, vamos integrar nessa equação complexa que é a leitura/interpretação. Para mim, a imagem tem o mesmo peso que um parágrafo: ela acrescenta sempre qualquer coisa. Um acrescento que pode ser desejável ou dispensável.

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