É preciso um dicionário para ler António Lobo Antunes?
February 26, 2008
É. “Maria Alzira Seixo e a sua equipa já terminaram, e vão entregar à editora, a Imprensa Nacional/Casa da Moeda, o Dicionário da Obra de António Lobo Antunes, o primeiro do género sobre um escritor vivo português”, lê-se na última edição do JL.
Pessoalmente, não gosto de Lobo Antunes (dos livros, que da personagem adoro). Mas se algum dia, por qualquer motivo, me aventurar pelas páginas do velho rezingão (digo isto com carinho, atenção) não me irei esquecer do dicionário.
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António Lobo Antunes vê-se, desse modo, equiparado a Thomas Pynchon. Este último, necessita de dicionários específicos por obra. Mas o dicionário mais importante é o do leitor, aquele que decifra cada uma das suas interpretações de um livro, ajustanda cada pensamento, único, a um universo mais lato que é o da confrontação de opiniões e ideias sobre o acto criativo que esteve na sua génese. Daí nasce a grande magia da literatura: a multiplicidade de ramificações que uma única obra adquire.
Exactamente. Concordo em absoluto contigo. Cada leitura e interpretação de uma obra é única. E a piada é deixar isso nas mãos dos leitores. Um livro que não tenha múltiplas janelas não presta.
quando decidi pegar em Boa Tarde às Coisas Aqui em Baixo, em 2003, descobri exactamente o contrário. que o Lobo era escritor para ser descoberto livro a livro, do início ao fim e não aos trambolhões. Fui à Memória de Elefante, depois a Os Cus de Judas. e garanto-te que é cronologicamente que o lerei, por muitas novidades que apareçam ainda – que me dão uma vontade…
o meu leitmotiv foi não querer não gostar do Lobo. e quase acontecia. deixei as boas tardes a meio e entrei pela porta da frente. estou confortável para o chamar agora à minha estante de eleitos.
uma vez tentei ler “Os Cus de Judas” e não gostei. outras, folheei alguns livros mais recentes. e nada, não bate cá dentro.
Hummmm…não é tanto assim…não é preciso um dicionário, mas é uma escrita difícil e menos comum. “Os Cus de Judas” também não foi um livro de que gostasse, mas gostei de muitos outros que li….
penso que o problema em Os Cus de Judas está em ultrapassar as primeiras 50 páginas. (e penso ainda que o escritor teve o mesmo problema.)
Se calhar é mesmo isso, Hugo…confesso que
não passei daí, ou melhor, um bocado antes…mas não penso o mesmo de grande parte dos outros livros…aliás, concordo com o que disseste…
🙂