sobre a blogosfera e as visitas
É muito frequente encontrar bloggers que rapidamente desistem da blogosfera por não terem muitos comentários ou receberem poucas visitas. Ter um blog no topo das visitas não é complicado, basta falar de sexo, gajas e mais umas banalidades. O google encarrega-se de fazer o resto. Eu sempre preferi um bom leitor, a centenas de visitantes à procura de sexo, drogas e crime. É óbvio que quem escreve num espaço público gosta de ser lido. O importante é saber por quem gosta de ser lido?
Isto faz-me recordar o único post do absurdo que apaguei: “Piratas das Caraíbas”. Na altura tinha estreado o segundo filme e todos os dias me chegavam centenas de visitantes. A certa altura o que se discutia na caixa de comentários era a beleza dos protagonistas antes de cair numa feroz discussão insultuosa. Fechei a caixa de comentários. Mas nem por isso me deixaram em paz com o Johnny Depp. A partir do momento em que apaguei o post, as visitas desceram drasticamente e eu senti-me estranhamente aliviada.
É claro que a larga maioria dos leitores me continuam a chegar através de algumas palavras colocadas ao acaso nos motores de busca. Desde que a porta de entrada no absurdo não seja sistematicamente as gajas, o sexo ou o Johnny Depp já fico feliz.
ps – e se as visitas começarem a crescer por ter colocado as palavras “sexo”, “gajas” e “Johnny Depp” neste post, ele será eliminado brevemente.
É, Eduarda, concordo. A quantidade nunca foi sinónimo de qualidade…vivemos numa época em que prolifera uma ética da quantidade…eu continuo a reger-me pela da qualidade (como diria o nosso amigo Camus…). Aliás, tudo o que vende muito, se ouve muito ou que as pessoas gostam muito, eu já sei que não vou gostar…decididamente, aquilo que agrada a muitos algum defeito (grande) tem de ter…gosto do pormenor, do minoritário, do aconchegado, do fiel.
Im
Olá IM,
Permite-me não concordar completamente contigo.
O meu objectivo não é fazer do absurdo um espaço elitista (e mesmo que o quisesse não tenho capacidades para isso) Se calhar não me expressei bem. Quantas mais visitas eu tiver melhor. Fico ainda mais contente. O que me incomoda é ter leitores que vêm à procura de uma coisa, enganados pelo google, que o absurdo não tem. Prefiro um bom leitor, a centenas de visitantes à procura de sexo. Mas se tiver centenas de bons leitores ainda melhor.
“Aliás, tudo o que vende muito, se ouve muito ou que as pessoas gostam muito, eu já sei que não vou gostar…decididamente, aquilo que agrada a muitos algum defeito (grande) tem de ter…”
Compreendo a tua posição. Mas às vezes este preconceito afasta-nos de obras muito boas. Regra geral, o que mais vende são produtos massivos, sem grande conteúdo. Mas nem sempre são necessariamente maus. É preciso dar uma oportunidade e não julgar antecipadamente.
Sim senhora. Eduarda a presidente 🙂
Um blog feito a pensar nas visitas passa a ser um produto para consumo e deixa de ser a expressão genuína de quem escreve. Um blog de sucesso mede-se pelos leitores fiéis.
O blog da Eduarda pode ter poucas visitas, mas estas são de leitores fiéis. Logo, pode ser considerado um sucesso desse ponto de vista.
Continua assim!
Não, Eduarda, não me estava a referir a elites do que quer que seja…o que queria dizer era que o número de visitas não é o que interessa…interessa a qualidade, mas a qualidade no sentido do que se vem à procura!! Que interessa ter 100 visitas por dia se 80% forem por “engano”, à procura de algo que nada tem que ver com o blogue? Se isso cria elites? Sei lá…o que é uma elite? Quem define o quê? Bem…
Quanto ao que disse sobre o que vende muito, o que as pessoas gostam muito, etc., NÃO é um preconceito…não condiciona à partida, do género “nem vou tentar ler ou comprar”, mas resulta da minha experiência e de um pouco de lógica…parece evidente que o que agrada a muitos algum “defeito” há-de ter, até porque apela sempre a lugares-comuns…mas isto não quer dizer que uma coisa não possa ser boa SÓ pelo facto de agradar a muitos…olha, os Pink Floyd, por exemplo, foram sempre um sucesso de vendas e a qualidade era inegável…todavia, isto não é a regra. É isso que eu quero dizer…
Agora sim, estamos de acordo IM 😉
Pois… mas acho que brevemente vais ser impossível comentar este post 🙂