o absurdo está omnipresente
«Mas tudo o que dizemos é um absurdo, dizia ele, pensei, seja o que for que dissermos é tudo um absurdo, e toda a nossa vida é uma absurdidade total. Percebi isso muito cedo, mal comecei a ser capaz de o pensar logo o percebi, só falamos absurdos, tudo o que dizemos é absurdo, mas também tudo o que nos é dito pelos outros é um absurdo, tal como tudo o que é dito duma maneira geral, neste mundo só se têm dito absurdos, até hoje, assim dizia ele, e, na realidade, como é natural, só se têm escrito absurdos, todas as obras que possuímos mais não são do que absurdos porque só podem ser absurdos, e a história tem-nos provado, dizia ele, pensei.»
(Thomas Bernhard, in O Náufrago. Lisboa: Relógio d’Água, 1987)
o absurdo é necessário?