o homem e o artista
January 28, 2007
ao fazer pesquisa para escrever esta crítica, descobri que Luigi Pirandello foi um apoiante de Mussolini. trespassou-me grande tristeza e desilusão. e isto atormenta-me: um grande artista não pode ser um mau homem. não é possível. a propósito deste assunto, lembro-me de Picasso. também o moço tinha mau carácter. dos piores, principalmente, com as mulheres. e, no entanto, é mundialmente reconhecido como um dos maiores pintores. é coisa que me faz confusão: esta, de separar o homem do artista.
10 Comments
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Bem, este comento! […] é coisa que me faz confusão: esta, de separar o homem do artista. Estou inteiramente de acordo, ó Eduarda! Ao mesmo tempo vemos um Kundera ser repudiado na sua República Checa…
Os grandes artistas são, por natureza, irreverentes. Habitualmente, essa irreverência é visível através de actos oposicionistas ao regime vigente. E se, neste caso, a irreverência estiver em manter-se apoiante de alguém que, inicialmente, em Itália, todos apoiaram mas que, depois, todos repudiaram?
PS – Não sei, claramente, se é esse o caso, mas sabe bem pensar que sim.
não me parece possível uma perspectiva maniqueísta sobre a arte – ou mesmo sobre os homens. e, por mau que seja, uma ou outra – arte ou vida real – podem ser catalizadores do que não passa para o mundo por norma.
não estou certa de ter compreendido a tua perspectiva, Hugo. de qualquer forma, custa-me a separar a arte da vida real. todas as coisas estão intimamente ligadas. somos um todo. o artista não se pode desligar do homem. pelo menos, é nisto que acredito.
poderia discorrer durante longas e largas linhas. mas para simplificar, um bom artista não significa um bom homem nos termos sociais e morais que aceitamos como os melhores – e não estou aqui a pô-los em causa, nem é essa a discussão. a sensibilidade pode até nem ser a mesma.
este é assunto para muitos cafés. de qualquer forma, continuo a não concordar contigo Hugo, embora reconheça a legitimidade dos teus argumentos 😉
Este será, de facto, dos temas mais interessantes de todos os que circundam as sombras da arte. E dos que mais me fazem pensar, também.
Estou com a Eduarda, na ingenuidade e na desilusão constante sempre que espreito por trás da cortina.
A capacidade artística está intrinsecamente ligada ao formato do espírito. Muitos grandes artistas (e não só, podemos falar das grandes personalidades em geral) possuem um carácter peculiar por vezes extremo. Do teu ponto de vista podes, simplesmente, pensar que ele venceu como artista e falhou como pessoa, se achares que chegou a esse ponto.
Será que o Van Gogh ia pintar quadros tão bons se não fosse meio doido? Se calhar eu devia dizer “ainda bem que ele era doido!”. Anyway…..
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