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dá-me para ler poesia

January 14, 2007

em maré de exames. provavelmente porque me aquieta o desassossego. não sei. sei que antes de começar a estudar tenho de ler obrigatoriamente um poema. e cada descanso representa mais um. resumindo: estudo num clima tenso e ansioso porque estou sempre à espera de ficar cansada para ler mais um. triste sina, já dizia a minha avó: “cada um com a sua cruz”.

whitman.gif fernando.gif

só respiro verdadeiramente dois poetas: Walt Whitman e Fernando Pessoa. não há espaço para mais nenhum. Whitman é espírito. Fernando Pessoa, a alma. nunca vivi mais poetas. de Fernando Pessoa, amo Álvaro de Campos. o meu coração, o meu corpo, o meu sentir são dele. de Whitman desbravo o Folhas de Erva. levarei a vida toda a acabá-lo mas à medida que avanço, a minha certeza sedimenta-se : o Folhas seria um bom substituto da Bíblia.

termino, não sem antes deixar o poema que hoje me revolveu o corpo

Ah a frescura na face de não cumprir um dever!
Faltar é positivamente estar no campo!
Que refúgio o não se poder ter confiança em nós!
Respiro melhor agora que passaram as horas dos encontros,
Faltei a todos, com uma deliberação do desleixo,
Fiquei esperando a vontade de ir para lá, que eu saberia que não vinha.

Sou livre, contra a sociedade organizada e vestida.
Estou nu, e mergulho na água da minha imaginação.
É tarde para eu estar em qualquer dos dois pontos onde estaria à mesma hora, Deliberadamente à mesma hora…

Está bem, ficarei aqui sonhando versos e sorrindo em itálico.
É tão engraçada esta parte assistente da vida!
Até não consigo acender o cigarro seguinte… Se é um gesto,
Fique com os outros, que me esperam, no desencontro que é a vida.

Álvaro de Campos

3 Comments leave one →
  1. January 14, 2007 9:02 pm

    não te parece que o Folhas perde traduzido? nunca li os originais, mas devem ser mais bonitos – só podem ser mais bonitos…

  2. January 15, 2007 9:23 am

    é verdade. mas a tradução da Relógio D’Água ultrapassa esse problema porque é bilingue. tens sempre a hipótese de ler o poema original e se não compreenderes alguma parte leres a tradução na página ao lado. são dois volumes. encontras esta edição da Relógio na biblioteca da UM (aquela de humanidades 😉 ).

Trackbacks

  1. a flor da poesia contemporânea « o absurdo

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